sábado, outubro 4

CHEGAR E QUERER VOLTAR



O tanto que a vida me faz viajar, proporciona-me a agradável possibilidade de ter “cantinho” em várias ilhas do arquipélago e no continente.
Vem isto a propósito de que, de cada vez que chego a casa, seja em Lisboa, Porto, Pico, S. Miguel, Terceira ou Faial, sinto sempre o agradável conforto do lar.
Porém, a minha última chegada à Terceira foi deveras catastrófica e digna de terceiro mundismo. É certo que estava informado de que neste ano, a chuva caiu nos outros concelhos da região mas em Angra do Heroísmo não(!!!)…razão pela qual os serviços municipalizados se viram na contingência de cortar o abastecimento de água, de forma bissemanal!
Ainda como atenuante há o facto da minha vida nómada, me ter retirado da Terceira nas últimas semanas, se bem que mantendo as informações locais actualizadas...
Também é certo que às primeiras chuvas de Outono, os serviços responsáveis tiraram a guilhotina do pescoço e alarvemente apregoaram o fim das restrições, cantando louros na resolução do problema…
Mas eis que chego à Terceira no voo da noite, desinstalo as malas num canto da casa, ligo a televisão, visto os calções e vou à casa de banho libertar os líquidos acumulados na viagem. Puxo o autoclismo e nada…
Estupefacto corri ao contador, pensando que talvez o tivesse deixado fechado…mas não.
Segundo as informações de amigos, os cortes já teriam acabado, mas mesmo que assim não fosse, segundo o calendário de parede na dispensa, não era Terça nem Quinta…portanto não seria dia de abstinência…
Ainda perguntei aos vizinhos que confirmaram…ninguém sabe porquê mas desde as 20 horas que não há água no bairro!!!
Fiquei preocupado pois estava quase na hora do bebé comer e era preciso água para fazer o biberon.
Logo por azar, não sei porque dei ouvidos às autoridades e não armazenei nem uma pinga do líquido…além disso já era tarde, as mercearias e o modelo já estavam fechados.
Bom meus amigos…só consegui resolver o problema com uma garrafa de água mineral, comprada na loja de conveniência de uma bomba de gasolina.
Quando se apregoa a qualidade de vida nos Açores…
Quando falta um bem tão básico como a água, enquanto se gastam milhares em promoção turística da Região…
Quando não temos água para alimentar o nosso filho, devido à incompetência de outros…
É caso para querer sair já destas ilhas…

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